quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Moradores se mobilizam para conter despejo de fezes na lagoa de estabilização de esgoto em Sapé

Água da lagoa de estabilização polui os afluentes da barragem que abastece Sapé e região 


Lagoa de estabilização da estação de tratamento de esgotos de SapéOs moradores das comunidades Bela Vista e Terra Nova, localizadas no Bairro Egídio Madruga em Sapé, estão se mobilizando para conter o despejo de fezes e outros dejetos na lagoa de estabilização da estação de tratamento de esgotos, uma área de aproximadamente 8 hectares administrada pela Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa). Os moradores denunciam o aumento do número de caminhões de empresas limpa fossas que trazem fezes e despejam no local, vindos de diversas cidades vizinhas e até de outros estados.



No último dia 30/08, aconteceu uma reunião na escola pública do bairro, contando com a presença de líderes comunitários, agentes de saúde moradores e representantes de entidades não governamentais para discutir o assunto, momento em que foram apresentados vídeos, promovidos debates e formada uma comissão para a elaboração de um documento que servirá como base para o comunicado da situação ao Ministério Público. 

No último dia 14/09, a comissão se reuniu para sistematizar a apuração dos fatos, produzir documentos, fotos e vídeos para municiar as próximas ações a serem discutidas com a comunidade. A reunião da comissão aconteceu na sede da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), entidade também localizada no bairro. O próximo encontro já está sendo agendado e será realizado em via pública, quando o assunto mais uma vez será discutido com os moradores e um abaixo-assinado será produzido para ser enviado ao Ministério Público.

As lagoas de estabilização são locais para tratamento de efluentes por processos químicos e biológicos, com o objetivo de reter a matéria orgânica e gerar água com qualidade para retornar ao meio ambiente. São lagoas constituídas de forma simples onde os esgotos entram em uma extremidade e saem na oposta. A matéria orgânica, em forma de suspensão, fica no fundo da lagoa, formando um lodo que vai aos poucos sendo estabilizado.

O projeto inicial da estação de tratamento de esgotos de Sapé previa a construção de outras três lagoas no mesmo local, para que todo o processo de estabilização pudesse completar os ciclos exigidos, desviando ainda o fluxo dos resíduos para o riacho Ribeiro que desagua no rio Gurinhém, que não está no curso da represa que abastece a região. Contudo, apenas uma lagoa funciona na área, e mesmo com as outras três lagoas já demarcadas, nunca foram usadas, comprometendo assim todo o processo de estabilização.

O problema vem tomando proporções cada vez maiores devido o crescimento do número de moradias em volta da estação de tratamento. O município não possui plano diretor e o crescimento dos bairros vai acontecendo sem planejamento e o que antes era apenas uma lagoa distante do centro urbano, hoje se tornou um problema já que o local está rodeado de residências, escolas, cemitério, unidades públicas de saúde e outros equipamentos urbanos, e todos os dias os moradores têm que conviver com a fedentina e a proliferação de insetos e doenças. A lagoa também é habitada por jacarés, mas nenhum incidente foi registrado envolvendo os moradores e esses animais. 

Outro problema apontado pelos moradores é o vazamento de água da lagoa de estabilização para o rio que abastece a represa São Salvador de onde sai a água para o abastecimento do município e de outras seis cidades circunvizinhas.

A represa São Salvador, construída em 1992, está localizada a 6 quilômetros do município de Sapé, com uma área de 1.889.000 m2 e capacidade para mais de 12 milhões de metros cúbicos. A represa e seu principal tributário, o riacho do mesmo nome, estão situados na Bacia Inferior do Rio Paraíba.

Um comentário:

  1. Tem que mobilizar tida a população Sapeense não apenas os moradores da região circunvizinhas a lagoa. Moradores, ONGs, poder público, todos tem que este tem juntos nesta luts.

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